Economia Circular no Supermercado: Reduzindo Desperdício, Gerando Valor

Supermercados geram toneladas de resíduos todos os meses, mas tecnologias como compostagem, biodigestão e produção de proteína com insetos mostram que o desperdício pode se transformar em energia, adubo e novas oportunidades de negócio.

10/9/20252 min read

O setor supermercadista é essencial para a economia e para a alimentação da população. Em 2024, os supermercados brasileiros faturaram R$1 trilhão, representando quase 10% do PIB nacional e gerando mais de 9 milhões de empregos.

Mas esse setor também enfrenta um problema enorme que é o desperdício e o descarte de alimentos. No mundo, cerca de 1/3 dos alimentos produzidos são desperdiçados (FAO). Já no Brasil, milhões de toneladas de hortifrúti, pães e carnes não chegam ao consumidor e acabam como resíduo.

No caso da rede de supermercados, na unidade da Lapa (PR), são geradas 18 toneladas de resíduos orgânicos por mês, principalmente de hortifrúti, açougue e padaria. Hoje, quase tudo vai para aterros sanitários, gerando gases de efeito estufa e desperdiçando nutrientes.

As tecnologias de valorização já disponíveis apontam alternativas promissoras. A compostagem acelerada transforma rapidamente restos em adubo orgânico, que pode retornar ao campo e fortalecer cadeias curtas de produção. A biodigestão converte resíduos em biogás e biofertilizante, diversificando a matriz energética e reduzindo custos. Já a produção de proteína a partir de insetos permite transformar resíduos em insumos para ração animal, ampliando a circularidade do setor. Novas rotas, como a fermentação microbiana para obtenção de biopolímeros e enzimas ou a extração de bioativos de cascas e sementes, expandem ainda mais esse potencial.

Os desafios, no entanto, envolvem legislação sanitária para resíduos de origem animal, logística de segregação e os custos de implantação das tecnologias. Superar essas barreiras depende de políticas públicas, programas de logística reversa e investimentos em projetos-piloto capazes de demonstrar viabilidade econômica.

Dessa forma, o varejo alimentar pode converter um passivo ambiental em oportunidade de negócio, geração de energia limpa e empregos verdes, reforçando sua posição estratégica na transição para a economia circular.